A Fantasia de George MacDonald
David César, 2023 (publicado popularmente em 2024 no website das obras de George MacDonald: The Works of George MacDonald)
O precursor de toda a boa fantasia desde os tempos de Elias até os dias atuais, foi o ordinário bem-vindo na mente racional e imaginação humana. Tocas cobertas de hera, livros empoeirados, grifos sobrevoando o céu, baderna em uma roda de hidromel e outros de muitos e infinitos cenários fantásticos, foram trazidos para a sociedade da maneira mais ávida e pura de se comunicar, contando histórias.
George MacDonald nasceu em 10 de dezembro de 1824 em uma cidade botânica ao leste contrário das grandes highlands escocesas. Filho de fazendeiros de Glencoe e descendente direto de uma das famílias do clã MacDonald que morreram no massacre de Glencoe em 1692. O seu ambiente familiar sempre foi literato por natureza e além das diversas contribuições de seus pais nos estudos literários da época, sua criação estava muito ligada ao pioneirismo fantástico do século XIX. Um dos tios de George era um especialista na cultura celta sendo inclusive editor do dicionário gaélico-escocês (Gaelic Highland Dictionary) e junto com seu avô, deram início a propagação dos contos de fada e apoiaram a publicação de “Ossian” um dos poemas vanguardistas do Romantismo.
A criação de George MacDonald foi essencial para seu entendimento da imaginação humana e a fé por consequência do amor de Cristo. A teologia na qual McDonald se desenvolveu durante sua caminhada cristã foi puramente poética e ordinária se comparada aos fatores calvinistas que foi criado. A aplicação do cristianismo e amor universal na sua lógica teológica formam o caráter de um escritor sedento pela graça divina, o azo de sua Fantasia.
Na biografia de George por seu filho Greville MacDonald (George MacDonald and His Wife), encontra-se um complexo tomo de essenciais informações sobre a vida do escritor, suas obras e sua influência. O escocês sempre teve punho para a pena, porém, sua carreira acadêmica começou no ramo das ciências, onde também era um bom tutor. Sua carreira é de ser comparada com a de seu catecúmeno Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) e outros poemas da Literatura Nonsense, já que Carroll era matemático e George se formou em Química e Física na University of Aberdeen, ambos eram professores na Inglaterra vitoriana e claramente bebiam da fonte de imaginação feérica e da literatura medieval. Além da parecença no ramo metafísico, os dois se conheceram em aulas de escultura e se tornaram amigos rápido, Carroll visitava a casa MacDonald com frequência, brincava e lia histórias para os filhos do escocês. George MacDonald apoiou Lewis Carroll a publicar Alice como o orientou no ramo fantástico e intelectual.
O âmbar fantástico feérico de George MacDonald é embasado em seu primeiro romance, Phantastes. A narrativa clássica da jornada do herói é apresentada no livro através do jovem Anodos agrupado ao ideal platônico e o debute para a terra das fadas. Na Literatura Clássica, desde a publicação de “O Peregrino” de John Bunyan, uma das primeiras ficções alegóricas suspensas na Fantasia e ideais cristãos, não se via fantasias como as de George MacDonald. Suas novelas escocesas e inglesas com cenários rurais ou seus ensaios de “Unspoken Sermons” e “The Hope of the Gospel” (A Esperança do Evangelho), não retratam um MacDonald diferente ou limitado, sua narração de cunho poético celta está em todos elas, mas principalmente em seus contos de fada e suas fantasias.
Hoje em dia conhecido como o avô da Fantasia Moderna, George MacDonald é conhecido por diversas citações próprias nos livros de C.S. Lewis, G.K Chesterton e J.R.R. Tolkien. Para a criação de O Senhor dos Anéis e a Terra-média, foi necessário a leitura de George MacDonald por parte do professor Tolkien e de Lewis para As Crônicas de Narnia, Perelandra e a maioria de suas criações. C.S. Lewis saboreou a teologia de seu “mestre” MacDonald, o proferiu como “[…] George foi tão hospitaleiro como somente os pobres podem ser”. O mesmo, admitiu que se colocarmos a Literatura como uma das Artes, George não seria um privilegiado, já que sua escrita de forma bruta é dita como vaga para os ingleses se não for traduzida, pois seu dialeto escocês está presente em muitas de suas obras. O professor Tolkien já alegou que MacDonald sempre foi uma referência mas que teria uma escrita complicada.
Phantastes, Lilith, Robert Falconer, The Princess and the Goblin, são exemplos de grandes obras repercutidas pela classe literária do final do século XIX até os dias de hoje de alguém que bebeu da fonte de Novalis, Goethe, Thoreau e Edmund Spenser. Entre seus aprendizes, encontra-se G.K. Chesterton, Mark Twain, J.R.R. Tolkien, William Morris, C.S. Lewis, Andrew Lang e Elizabeth Yates. Sua mente brilhante foi numa fábrica de ares enfadonhos mitológicos com toques de magia ordinária ligada pela estirpe celta escandinava e meandros da cultura cristã como a mitologia judaica e a coerência angelical pela imaginação. George MacDonald iniciou um ciclo eterno de amantes da Literatura Fantástica como partida da realidade humana, buscou e ensinou muitos a buscar o entendimento da única verdade através de gobelins, fadas, anões e elfos.
